segunda-feira, 18 de abril de 2011

Teatro no teatro


Jornal Tribuna do Norte
Publicação: 16 de Abril de 2011 às 00:00

Yuno Silva - repórter

Imagine ir ao teatro para, ao mesmo tempo, aprender, se divertir com uma comédia e prestigiar um espetáculo escrito, produzido e encenado por artistas potiguares! Essa é a fórmula da peça “Debacoabete”, do Grupo de Teatro Ditirambo, que comemora seus 10 anos de atividades no palco do Teatro Alberto Maranhão próximo dia 30 de abril, às 21h. Antes de continuar, leia de novo o título do espetáculo, dessa vez de forma pausada e separando sílabas: De Baco a Bete. Decifrar o título é, digamos, meio caminho andando para revelar o mote principal do espetáculo.

divulgaçãoTexto mostra, com muito humor, a história do teatro passando por clássicos. tudo em um quebra-cabeçaTexto mostra, com muito humor, a história do teatro passando por clássicos. tudo em um quebra-cabeça
Com texto de César Amorim, ator potiguar radicado no Rio de Janeiro desde 1994, e direção de Marcelo Chaves, “Debacoabete” passeia sem compromisso pela cronologia do teatro ocidental, desde a Grécia até os dias de hoje, mas sem preocupações didáticas. Portanto, nada deve ser levado muito a sério pelo público, pois o humor e a ‘’infidelidade’ histórica são os ingredientes básicos da fórmula cênica. De sério mesmo, só o trabalho dos artistas, que estão há quase sete meses envolvidos na produção.

“Trata-se de um jogo ‘meta-teatral’, onde contamos a história do teatro dentro do teatro. Nosso objetivo é aproximar o público do fazer teatral sem preocupações didáticas, mas o compromisso maior é com o humor”, disse Marcelo Chaves. Esta é a terceira versão do espetáculo, e desde 2006 Chaves tenta convencer Amorim liberar a montagem do texto originalmente apresentado em 1993.

“Escrevi ‘Debacoabete’ logo que voltei a Natal, em 1993, bem antes de criar o Ditirambo que estrou em 2001 com ‘As Fúrias’. Na época, tinha recém retornado de um curso na Escola de Teatro Martins Pena e quis colocar todo meu aprendizado no palco. Vim com essa ideia de contar a história do teatro”, lembra César Amorim. O autor conheceu Marcelo Chaves na primeira temporada, durante os testes de elenco, e Amorim ainda viria a produzir uma segunda versão com o grupo de teatro do colégio Marista, onde dava aula. “Apesar do êxito das duas primeiras apresentações, ainda não estava convencido quanto ao formato. Estava muito didática e falta alguma coisa, um elo capaz de aproximar as situações e transformar tudo num espetáculo coeso. Sou muito ciumento com minhas coisas, acho que essa nova construção é a melhor de todas, mas não sei dizer se é a definitiva”, arrisca Amorim.

Quebra-cabeça

“Dividida em duas partes, ‘Debacoabete’ começa com um ‘suspensezinho’ para depois descambar para a comédia”, explica Amorim por telefone, de sua casa no Rio de Janeiro. Em cena, a atriz Bete (que representa o teatro atual) relembra uma antiga professora: “Essa é a deixa para o aparecimento da personagem hilária da professora, que passa a costurar todo o texto, é a responsável pela condução do enredo”, complementa Marcelo Chaves. A montagem não tem cenário, e no palco cinco atores se revezam para personificar cerca de 30 personagens. “O forte serão os figurinos de Ricardo San Martini e Fátima Rocha, e os adereços de Plínio Faro”, garante Marcelo. “Gastamos 80% dos recursos que tínhamos disponível com isso”, emenda. Vale registrar que o espetáculo foi viabilizado com recursos (R$ 7,5 mil) do Fundo de Incentivo à Cultura - FIC, edital promovido pela Fundação Cultural Capitania das Artes.

Marcelo Chaves ainda faz mistério, e adianta que o público perceberá onde está metido no final do espetáculo: “Até lá, passaremos pelo coro, pelos grandes clássicos até  quando a igreja proibiu o fazer teatral por 400 anos. Depois disso, o teatro passa a ser encenado para a própria igreja, e desemboca na italiana comédia dell’arte, na  pantomima, em Sheakspeare”, informa Chaves.

As fúrias

O Grupo de Teatro Ditirambo ganhou notoriedade em 2001, durante temporada de três meses do espetáculo “As Fúrias”, na Casa da Ribeira. “Este foi a única produção que participei, logo depois me mudei para o Rio de Janeiro”, lembra o ator César Amorim. Na época, Marcelo Chaves participou apenas como contra-regra por estar cursando Doutorado em Geodinâmica. “Não tem nada a ver, mas sempre me interessei por teatro. Inclusive, uma das características do Ditirambo é ser um espaço que abarca pessoas de várias formações: temos biólogos, arquiteta. O próprio Amorim tem formação de Engenharia. Tentamos profissionalizar o grupo, mas, por falta de dedicação exclusiva do elenco, decidimos nos manter como amadores. Claro que no palco nos apresentamos como profissionais, falo da estrutura interna, de querer viver do teatro. Fazemos tudo por realização pessoal”, disse o diretor. Apenas Marcelo Chaves e a atriz Adriana Borba são remanescentes da primeira formação.

O grupo ainda encenou “Hippie Drive”, “O Conto dos Contos Não Contados” e “Flores de Plástico”.

Enquanto o Ditirambo segue seu rumo por aqui, César Amorim trilha seu caminho na capital fluminense como autor: “Tenho escrito muito, fazendo cursos e estou estudando alguns projetos de trabalho na televisão. Em outubro, devemos estrear por aqui uma peça com texto meu, está tudo pronto e os ensaios começam em julho ou agosto”, planeja.

Além da estreia no TAM, “Debacoabete” está com temporada fechada na Casa da Ribeira durante os sábados (21h) e domingos (20h) do mês de maio.

Serviço

Debacoabete – TAM, dia 30 de abril

Ingresso: R$ 30,00 inteira, e R$ 15,00 meia entrada (estudantes, portadores de necessidades especiais, idosos, professores e classe artística).Vendas: Livraria Siciliano do Midwall (3222-4722) e na bilheteria do TAM

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