terça-feira, 22 de março de 2011

O INVENTO (por Leandro Rocha)


O invento ganhou ares de concretude,
Partiu da estação do medo à ação.
O bem e mal estão nesse ato compassado.
O sustento do invento é o vício dos dias.
É o imaginar do viver sem ter vivido.
É a embriaguez fora da realidade,
Carnívoras sensações que tocam a superfície do mundo.

Há tanto desperdício na mecânica do invento.
Ao passo em que o usamos ele nos extingue aos poucos.
Nós que dele não fugimos, 
Com ele nos casamos,
Porque como negar o que é natural e atrativo?
Suas engrenagens são movidas a tempo.
E toda a sutileza deste funcionar não nos comove
Porque nem o percebemos.
Somos seus parafusos e ferragens.
Pois lhe entregamos nossa seiva vital
Para em troca recebemos a multiplicação de nossa humanidade.

Não compreendemos o invento,
Por mais teorias e pensamentos já formulados.
Somos provocados por seus eventos,
Preenchidos por seu mistério,
E abandonados por seu prazer
Que subitamente se transporta para o desconhecido.
Ficamos conosco, sem sua presença.

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